ATA DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 17.11.1998.

 


Aos dezessete dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e um minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os cento e sessenta e um anos da Brigada Militar, nos termos do Requerimento nº 147/98 (Processo nº 1838/98), de autoria da Mesa Diretora, por solicitação do Vereador João Carlos Nedel. Compuseram a MESA: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Coronel José Dilamar da Luz, Comandante-Geral da Brigada Militar; o Coronel Ronei Antônio Dalla Costa, Chefe da Casa Militar, representando o Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor José Pedro Machado Keunecke, representante da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado; o Coronel Antonio Carlos Maciel Rodrigues, Presidente do Tribunal Militar; o Tenente-Coronel Sidnei Viapina da Silva, representando o Chefe da Casa Civil; o Coronel José Roberto Rodrigues, representando a Secretaria da Justiça e Segurança; o Tenente-Coronel Aita, representando o Comando Militar do Sul; o Senhor José Elias Flores, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Senhor Rui da Cunha Castiglia, representando o Senhor Dagoberto Lima Godoy, da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul; o Vereador Reginaldo Pujol, 3º Secretário da Casa. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças da Senhora Alzira Fortini Albano, representante da Secretaria Municipal de Educação, e da Senhora Rúbia Bruzzo, representante da Secretaria de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social. Também, foi registrada a presença do Coronel Cairo Camargo, Presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional pela Banda da Brigada Militar da Ajudância Geral – Porto Alegre, sob a regência do Subtenente Marco Aurélio. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Mesa Diretoria e das Bancadas do PTB e PSDB, historiou acerca da origem da Brigada Militar, em mil novecentos e trinta e sete, com a criação, pelo General Antonio Eliziário de Miranda e Brito, do Corpo Policial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, salientando terem sido observadas muitas mudanças estruturais nessa instituição, com a constante valorização dos objetivos básicos de bem servir e proteger a população. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, destacou a justeza da presente solenidade, parabenizando a todos os integrantes da Brigada Militar pelo trabalho realizado nestes cento e sessenta e um anos de existência dessa corporação. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, registrando integrar a Brigada Militar há mais de trinta anos, relatou lembranças que possui deste período, afirmando ser “impossível dominar ou trazer paz ao Rio Grande sem o concurso da instituição homenageada”. O Vereador Fernando Záchia, em nome da Bancada do PMDB, analisou o significado da Brigada Militar para a sociedade gaúcha e porto-alegrense, ressaltando a necessidade de sua atuação permanente, não só no aspecto da proteção mas, em especial, no referente ao relacionamento com a comunidade. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome da Bancada do PSB, declarou que a presente homenagem representa o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre pelo trabalho realizado pela Brigada Militar, destacando que essa corporação é modelo para todo o País, especialmente quanto a aspectos como eficiência e interação com a sociedade. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, afirmou que a confiabilidade e credibilidade que hoje possui a Brigada Militar foi alcançada através de uma atuação sempre voltada para o benefício da população gaúcha, propugnando por uma continuidade deste trabalho de busca de uma sociedade melhor. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, dizendo que a história da Brigada Militar acompanha e confunde-se com a própria história do Rio Grande do Sul, teceu considerações acerca das atividades por ela exercidas e das relações a serem buscadas entre essa corporação e as demais instituições representativas da comunidade. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Coronel José Dilamar da Luz que, em nome da Brigada Militar, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense pela Banda da Brigada Militar da Ajudância Geral – Porto Alegre, sob a regência do Subtenente Marco Aurélio. A seguir, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e quarenta e três minutos, convidando para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelo Vereadores Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol. Do que eu, Reginaldo Pujol, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Damos por aberta esta Sessão Solene destinada a homenagear os 161 anos da Brigada Militar nos termos do Requerimento nº 147 (Processo nº 1838/98). A proposição foi da Mesa Diretora, atendendo solicitação do Ver. João Carlos Nedel.

Nós convidamos a compor a Mesa: o Comandante-Geral da Brigada Militar, Coronel José Dilamar da Luz; o Coronel Ronei Antônio Dalla Costa - Chefe da Casa Militar representando do Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o representante da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado, Dr. José Pedro Machado Keunecke; o Presidente do Tribunal Militar, Cel. Antonio Carlos Maciel Rodrigues; o representante do Chefe da Casa Civil, Tenente-Coronel Sidnei Viapina da Silva; o representante da Secretaria da Justiça e Segurança, Coronel José Roberto Rodrigues; o representante do Comando Militar do Sul, Tenente-Coronel Aita e o Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Sr. José Elias Flores.

Queremos dar as boas-vindas a todos os senhores, a todas as senhoras presentes hoje, aqui na nossa Câmara de Vereadores, que nos honram com suas presenças neste, que é um dia muito importante, porque a nossa Casa do Povo, a nossa Câmara de Vereadores, que é a representação de toda a sociedade porto-alegrense, está homenageando a Brigada Militar pela passagem dos seus 161 anos de existência.

Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional, que será executado pela Banda da Brigada Militar da Ajudância Geral-Porto Alegre, sob a regência do Subtenente Marco Aurélio.

 

(É executado o Hino Nacional Brasileiro.)

 

Hoje é um dia especial porque nós, que representamos a sociedade porto-alegrense temos por obrigação, estamos prestando reverência a esta grande corporação, a Brigada Militar, que tem tido, cada vez mais, a confiança de todos os cidadãos porto-alegrenses, através dos trabalhos que tem realizado, fazendo com que esta confiança esteja crescendo dia-a-dia. Hoje podemos dizer que a Brigada Militar é motivo de orgulho para todos nós, apesar de atuar em um tempo de crise, apesar de todos os problemas que ela enfrenta e que afetam a Corporação, mas, assim mesmo, a gente nota que todos os integrantes da Brigada Militar fazem da sua missão um grande sacerdócio e todos nós, cidadãos de Porto Alegre, temos apenas a dizer muito obrigado a todos os senhores que compõem essa Instituição.

O Ver. João Carlos Nedel falará em nome da Mesa Diretora e também em nome das Bancadas do PTB, e do PSDB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Cumprimenta os componentes da Mesa.) Como mudou a Brigada Militar! Quando foi criada pelo então General Antonio Eliziário de Miranda e Brito, como Corpo Policial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, pela Lei nº 07, em 18 de novembro de 1837, tinha organização, disciplina e vencimentos iguais aos do Exército Imperial, como forma legal de policial-militar. Mas a Brigada Militar mudou e muito!

Em 1873, transformou-se em Força Policial, em 1889 mudou para Guarda Cívica e, logo em seguida, para Corpo Policial. E novamente mudou a Brigada, em outubro de 1892, quando recebeu o nome glorioso de Brigada Militar do Estado, que ainda hoje conserva, apesar de algumas tentativas infrutíferas de mudá-lo. Mudou mais a Brigada Militar. Desde quando, Brigada guerreira, se fez presente na Revolução Federalista de 1893, cruenta e enlutadora, passando por todos os principais movimentos armados que eclodiram no País, até o episódio da Legalidade, em 1961, e a Revolução de Março de 1964.

As táticas e estratégias bélicas, entretanto, que predominaram no passado, transformaram-se em modernos caminhos de bem servir.

E foi assim que, num mundo e num Rio Grande em mudança, a Brigada Militar soube, paulatinamente, avaliar as novas necessidades da população que, insatisfeita, caber-lhe-ia atender e, aos poucos mas proficientemente, reestruturou-se para assumir novas e importantíssimas missões, como a de prevenção e combate a incêndios, o policiamento rodoviário, o policiamento de trânsito, o policiamento florestal e ecológico e também o policiamento ostensivo. Mudou, assim, a formação técnico-profissional, admitiram-se civis na administração e mulheres nos Quadros formais da Corporação, os Oficiais e Praças passaram a ter um nível instrucional e cultural invejável, absolutamente necessário e à altura das exigências da população. O Estado do Rio Grande do Sul pode, hoje, se orgulhar de ter uma Corporação Policial-Militar de primeira grandeza, pois é referência nacional e internacional, sob qualquer ótica que se a olhe, histórica, social, técnica, cultural ou profissionalmente.

Mudou muito a Brigada, sim, desde a sua criação!

Mudou muito, sim, no sentido de ampliar a abrangência, a natureza e a qualidade dos serviços que sempre prestou ao Rio Grande do Sul e ao Brasil. Mas, apesar dessas mudanças todas que houve, mantiveram-se intactas, na orientação e na prática diuturna, sua destinação histórica e constitucional de preservação da ordem pública e do policiamento ostensivo, bem como sua condição de força auxiliar e reserva do Exército Nacional.

Não foram poucas, entretanto, ao longo do tempo, as tentativas de desviá-la dessa condição, inclusive de desmilitarizá-la, como recentemente tentaram alguns grupos, e que, felizmente para o Rio Grande e para o Brasil, não tiveram êxito e, se Deus quiser, jamais haverão de ter.

Não foram poucas, também, as agruras sofridas pela Brigada, em sucessivos tempos, em termos de incompreensão, de absoluta carência de equipamentos, de desprestígio governamental e de aviltamento de salários. Mas, a Brigada Militar, apesar de tudo isso, no perlongar da história do Rio Grande, que vem há 161 anos ajudando a construir e de que faz parte inalienável, soube sempre se ajustar às circunstâncias e a elas se subrepor, mudando o que foi necessário e conveniente mudar, mas conservando intocados sua base e fundamento, pois inalterados se mantiveram os princípios que lhe dão razão de ser e as características essenciais de sua organização policial-militar.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entendo que a homenagem que hoje esta Casa presta à Brigada Militar, muito além da homenagem em si, deve representar um manifesto de gratidão a essa força pública que tantos serviços presta ao povo porto-alegrense e gaúcho. E que essa gratidão se deve dirigir a cada um dos seus componentes, desde o Comandante-Geral até o mais simples PM, desde os que militam dia-a-dia na dura e perigosa tarefa de rua até os que se dedicam às tarefas de planejamento, organização e controle dessas atividades, sem esquecermos, também, aqueles que, no decurso dos tempos, dedicaram suas vidas ao serviço do povo, na Brigada Militar, e que hoje desfrutam de justa e merecida aposentadoria.

Muito especialmente, Sr. Presidente e Ver. Pedro Américo Leal, gostaria de ressaltar, nesta homenagem, aqueles brigadianos que, quase sempre anonimamente, foram mortos ou inutilizados para a vida profissional no cumprimento do dever, muitas vezes deixando mulher e filhos em dificílima situação de vida, sem apoio de quaisquer organizações especializadas, em visível contraste com o que freqüentemente acontece, quando as vítimas são assaltantes, terroristas e outros bandidos do mesmo gênero.

Fica aqui, então, Sr. Presidente, em nome da Mesa Diretora, proponente desta homenagem, o registro da nossa inteira solidariedade à Brigada Militar em tudo quanto realizou e realiza, a nossa satisfação com todas as mudanças promovidas e o nosso pedido a cada uma das autoridades, atuais e futuras, em todos os níveis, no sentido de que valorizem sempre a gloriosa Brigada Militar do Estado, permitindo-lhe evoluir do mesmo modo como tem feito há 161 anos, em favor de Porto Alegre, do Rio Grande e de seu povo.

Para finalizar, Senhoras e Senhores, gostaria de, saudando todos os componentes da Brigada Militar, evocar aqui o nome de meu saudoso amigo e companheiro, brigadiano da mais alta têmpera, forjado em luta intensa, convicção pura e dedicação plena à Força que tanto amou, além de cristão e chefe de família exemplar, Coronel Odilon Alves Chaves, tragicamente desaparecido, e que agora está, seguramente, na presença de Deus, intercedendo feliz pelo progresso e a evolução da sua querida Brigada Militar.

Por tudo quanto tem feito por nosso Estado, muito obrigado à Brigada Militar do Estado! Parabéns! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos aqui, agradecendo a presença de todos, registrar as presenças, no Plenário, dos Vereadores Pedro Américo Leal, Fernando Záchia, Carlos Alberto Garcia, Lauro Hagemann, Adeli Sell. Já esteve presente, aqui no nosso Plenário, o Ver. Reginaldo Pujol, além do Ver. João Carlos Nedel, que foi quem solicitou à Mesa Diretora a realização desta Sessão para homenagearmos aqui os 161 anos da Brigada Militar.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em nome da Bancada do PT.

 

O SR. ADELI SELL: (Saúda os componentes da Mesa e demais convidados.) É uma satisfação muito grande falar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Nesta homenagem aos 161 anos da Brigada Militar, esta tão justa comemoração proposta pelo Ver. João Carlos Nedel, aceita de pronto pela Mesa Diretora desta Casa.

Nós estamos num momento bastante difícil no nosso País. Fala-se de crise e, ao se falar de crise, a realidade é presente. Em momentos de crise, sem dúvida nenhuma, a violência e os problemas se avolumam e, nesse sentido, sempre quem está presente é o policial, em particular o policial militar, porque ele é a vanguarda. Ele está na linha de frente, ele está na rua, ele tem uma postura de ostensividade, porque este é o seu papel. Nós estamos diante de uma gloriosa corporação, não apenas por seus 161 anos, mas porque, por mais de um século e meio, a Brigada Militar já é uma instituição. Mas é uma instituição diferente porque tem uma história intensa, tem quadros que vão desde o soldado raso, que passa por um treinamento, que vai para a linha de frente nas ruas cumprir o seu dever, muitas e muitas vezes não nas melhores condições, até porque faltam elementos materiais para o exercício de sua própria profissão.

Aqui não vai uma crítica, aqui vai uma constatação! E nós queremos, cada vez mais, que esta situação mude. Nós, aqui, os Vereadores, não temos, infelizmente, esse poder porque a Brigada Militar está vinculada ao Governo do Estado mas se nós pudermos opinar aqui, eu tenho certeza que vamos opinar sempre para que consigamos, cada vez mais, além desse capital imenso que são as pessoas, os homens e as mulheres da Corporação, nós tenhamos agregado também a este valioso trabalho as efetivas condições materiais para o exercício da profissão.

Quero parabenizar as mulheres e os homens da Brigada Militar pelo seu incessante e permanente trabalho, nos momentos mais difíceis, estando sempre presente nas ruas, consolidando o direito e o dever porque é exatamente o brigadiano, o policial militar aquele que sempre está ali para apontar para alguém o seu direito de um lado e para outro, e para ele mesmo, o dever; ou seja, em todos os momentos é quem aponta os limites, a boa convivência, a busca da cidadania, ao mostrar o direito de alguém. Mas também a cidadania tem um outro lado, que é do dever. Então, ao apontar essas questões, ao buscar o equilíbrio, é que se presta um grande serviço, não apenas naqueles momentos mais conflitantes que nem é muito bom lembrar, porque muitos e muitos deixaram suas vidas na linha de frente de batalha, como costumamos dizer.

Mas, amanhã, é um dia especial, porque todos vão lembrar dos 161 anos da Brigada Militar. E o Partido dos Trabalhadores, Cel. Pedro Américo Leal, terá agora uma responsabilidade maior, porque em suas mãos estará o Governo do Estado. Então, aquilo que eu, humildemente, coloco como uma preocupação, os meus parceiros de partido - Deputados, Governador, Vice-Governador, Secretários -, têm, agora, a responsabilidade de aplicar na prática. E eu tenho certeza que nós vamos fazer um grande esforço nesse sentido.

E tenham absoluta certeza que nós, mesmo estando no Governo, como representação, também estamos fora dele como cidadãos. E vamos sempre reivindicar, junto a uma brigadiana, junto a um brigadiano, seja do soldado ao coronel, nós estaremos junto para defender a cidadania, defender os direitos e também os deveres, porque uma sociedade se constrói observando esses ditames básicos da civilização. E sem civilização não há vida. E aqui, hoje, nós estamos homenageando a vida de uma instituição, mas fundamentalmente a vida dos que a compõem. Portanto, parabéns às brigadianas, aos brigadianos, e viva os 161 anos da gloriosa Brigada Militar! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para falar em nome da Bancada do PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu hoje não trouxe nada preparado, todos devem reparar que eu não faço isso sempre que saúdo uma autoridade, através de 26 anos de parlamentar, sempre trago pronto o que vou dizer.

Em se tratando da Brigada Militar e da Polícia Civil, como disse Catulo da Paixão Cearense: “devemos abrir as porteiras do coração e deixar que saiam, numa manada bravia e refreada, as palavras como vêm à mente”.

O que eu teria que dizer a vocês da Brigada, com os quais eu estou há 35 ou 40 anos - formei tanta gente que falando com o Cel. Claro perguntei qual era o nome completo do Cel. Élvio, que comanda o Batalhão de Choque, meu cadete, aluno, mas ele também não sabia, porque só sabemos o nome de guerra. Para mim, a Brigada é uma coisa muito próxima, já, algumas vezes, na televisão eu tenho dito que se, por ventura, eu fosse escolhido Governador do Estado, porque eleito nunca poderia ser, e se me dissessem o seguinte: “Mas o senhor não vai ter a Brigada Militar, ela vai ser extinta”. Eu diria: “Não assumo”. E, não assumia. Isso é direto ao PT e direto ao meu querido amigo Adeli Sell, que me entregou um trabalho e eu respondi a ele: “Sou da Brigada Militar há muitos e muitos meses.” É impossível se dominar ou trazer paz ao Rio Grande sem o concurso da Brigada Militar. E o que eu tenho para dizer à Brigada Militar de aproximação quanto a mim? Muita coisa, coisas que não estão escritas nos livros.

Quando fui escolhido para Secretário de Segurança, em 1978, com José Amaral de Souza, ia eu numa viatura para Arroio dos Ratos, com o Lony Graeff e o Delegado Inácio Angulo e, repentinamente as rádios anunciavam que o Comandante da Brigada Militar, a partir daquele momento, seria um oficial do Exército escolhido pelo Ministro do Exército. Desembarquei em Arroio dos Ratos, naquele dia, e disse, para o que seria o Governador do Estado, José Amaral de Souza, do que eu tinha ouvido, ele não sabia. Eu disse: “Eu embarco amanhã para Brasília”. E embarquei. Numa reunião com o Ministro Berfoldt Bethlen, com o General Édson Guedes, então General de Brigada, e o General José de Alencar e mais o General Secretário do Ministério do Exército, eu expus o que havia e o Ministro, boquiaberto, não sabia. “Mas Leal, eu não sei disso.” Mas foi veiculada a notícia e é ordem: Minas Gerais e o Rio Grande do Sul terão Comandantes do Exército. Eu não acho justo isso. Não pretendo assumir a Secretaria desse jeito, porque não é que desvalorize o oficial do Exército, mas é que desvaloriza o oficial da Brigada Militar e o oficial da Polícia Militar de Minas Gerais, eu não estou de acordo”. E o General mandou vir a Portaria, - eu a tenho aqui, de 1978. E o General depois de muitas confabulações deu a ordem para que eu o representasse, o Ministro do Exército, e na tribuna da Assembléia fiz isto, - antes de falar com o Comandante do Terceiro Exército, meu amigo -, tamanha a pressa.

V. Exas não calculam o ambiente em que estava envolto o Estado. Declarei toda a resolução do Ministro do Exército. O Comandante da Brigada Militar era o Coronel Ribas, na época; foi mantido como Comandante para a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul e para a Polícia Militar de Minas Gerais.

É bem verdade que tive um grande aliado na figura do Secretário-Geral do Exército, que era um General, por coincidência, filho de Minas Gerais.

Isso demonstra o apego, o amor e a aproximação que tenho com a Brigada Militar. Ninguém me pediu isso, nem houve tempo.

Então, tenho isso para dizer à Brigada. Tenho, também, a dizer da grande satisfação que tive numa dessas travessuras legislativas que fiz, quando fiz cair a cláusula de inalienabilidade do velho trecho que foi cindido pela estrada, lá pelas proximidades do hoje Hipódromo do Cristal, onde se levanta um Shopping Center, quando dividiram aquele terreno, que era do Estado e que na verdade conseguimos vendê-lo, vendemos e erguemos o Clube Farrapos. O Clube é o resultado disso.

Então, muito me aproxima a Brigada Militar; instrutor durante mais de vinte e tantos anos. Passaram por mim Soveral, Itaboraí, Clóvis Antônio Soares, tinha até um livro dele. Velhos comandantes da Brigada Militar! Meus amigos, Abreu, Renan, dos quais me lembro com grande saudades. Era a mesma Brigada Militar que está aí, porque as coisas da caserna são assim: as gerações passam e a instituição fica firme, porque há uma doutrina que rege toda a mocidade direcionando-a para o bem-estar e para a segurança do Estado.

Então, meus amigos, meus filhos, eu posso lhes dizer que onde a Brigada estiver eu estarei lá. Sempre procuro mostrar a toda a população a importância desses vinte e cinco mil homens, comandante Dilamar, V. Exa. me corrigiu, são mais, são 27 mil e 500 homens. E essa Corporação precisa de um efetivo maior, nós precisamos de trinta e cinco mil homens, preparados. Hoje li nos jornais: Onze mergulhadores do Corpo de Bombeiro se prepararam e estão capacitados a exercerem suas funções, depois de um exaustivo treinamento. E eu calculo que treinamento não devem ter tido. Mergulhadores! São homens que passam por aí incógnitos, não sabemos quem são eles. São eles que mergulham nesses rios por aí, pelo Rio Grande a fora para ir buscar cadáveres e coisas, arriscando suas vidas, ganhando pouco mais de quatrocentos reais. Só a Brigada!.

Por isso tudo eu tenho razão, se eu fosse nomeado governador do Rio Grande e me dissessem que a brigada não vinha comigo, eu não assumia. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos cumprimentar, como extensão de Mesa: a representante da Secretaria Municipal de Educação, Sr.ª Alzira Fortini Albano, e a representante da Secretaria de Assistência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social - Escritório de Representação do Rio Grande do Sul, Sr.ª Rúbia Bruzzo, e todos os demais integrantes da corporação da Brigada Militar.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra. Fala pelo PMDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Ex.mo Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Enquanto o Vereador Coronel Pedro Américo Leal falava, e muito bem, da Brigada Militar nesta homenagem aos seus 161 anos, proposta pelo Ver. João Carlos Nedel e endossada pela Mesa Diretora, representando a Câmara de Porto Alegre, pela justiça, pela grandeza da Instituição, eu ficava lembrando tudo o que a Brigada Militar representa, tudo o que significa para a sociedade porto-alegrense, para a sociedade gaúcha.

Quando se fazem pesquisas - e nós estamos, ainda, numa época de muitas pesquisas -, a Brigada Militar talvez seja a Instituição de maior confiabilidade da população, de maior credibilidade da sociedade.

Nós, os Vereadores, discutimos muito um tema local, nosso, dos Vereadores: a questão dos “azuizinhos”, que hoje controlam o trânsito em Porto Alegre. As pessoas da sociedade vêm aos Vereadores e fazem as suas queixas, os seus reclamos naturais, dizendo, muitos deles: “Que saudade nós temos da Brigada Militar”. A Brigada Militar educa, orienta, evidentemente que a Brigada Militar quando fazia a fiscalização do trânsito também multava, esta era a função da Brigada Militar. Mas antes do ato da multa, da punição a Brigada fazia a orientação, ela educava os cidadãos de Porto Alegre. O que eu quero dizer com isso? O Ver. Adeli Sell dizia, com muita propriedade, “a sociedade passa por um momento de crise, a sociedade civil está em crise.” Eu já sou Vereador pelo segundo mandato e diversas e justas homenagens já foram feitas nesta Casa, para a Brigada Militar e sempre no momento das homenagens se diz isso, Ver. Adeli Sell, que a sociedade está em crise. Sempre houve esta coincidência de ao homenagearmos a Brigada, a nossa sociedade estar em crise. Cada vez mais enfrentamos essa crise, e podemos constatar a grandeza e a necessidade da Brigada Militar. A necessidade da atuação permanente da Brigada Militar, não só no aspecto da violência, da proteção, mas principalmente no aspecto da relação com a sociedade. No aspecto da Brigada Militar, permanentemente, estar educando, sempre ajudando para que possamos ter uma sociedade cada vez mais solidificada.

Cumprimento a todos os vinte e cinco mil soldados, homens e mulheres que fazem parte dessa Instituição que dignifica a história do Rio Grande do sul. Mas quero fazer uma homenagem justa àquele soldado anônimo que enfrenta dia-a-dia, as dificuldades naturais que fazem parte da história da Brigada Militar, esta Brigada que cada vez mais consegue se qualificar, cada vez mais consegue avançar pelas participações dos comandos, não só do comando do Coronel Dilamar, mas como aconteceu no comando do Comandante Maciel e de todos os outros que passaram e construíram essa história belíssima da Brigada Militar, mas aquele anônimo soldado que faz, permanentemente, com que a história dessa instituição cresça e cada vez mais dignifique a história e a tradição do povo gaúcho. Parabéns a vocês! Muito Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia falará em nome da Bancada do PSB. Estão presentes no Plenário os Vereadores Reginaldo Pujol e Isaac Ainhorn.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: (Cumprimenta os componentes da Mesa.) Nobres Vereadores, Senhoras, Senhores e membros da Corporação Militar. No ano passado também tivemos a oportunidade de participar desta homenagem e para nós, do Partido Socialista Brasileiro, é motivo de júbilo participar deste evento. É o reconhecimento simples, modesto, mas necessário da Cidade de Porto Alegre pelo trabalho desta Corporação.

 Hoje se falou do momento de crise e todos os momentos são momentos de crise, mas reconheço que o momento em que vivemos hoje faz com que a população, de uma maneira geral, clame por mais segurança. Mas, acima disso, a Brigada Militar com aproximadamente vinte e cinco mil homens, tem sabido, ao longo dos anos, distribuir, de maneira homogênea, seus elementos no Estado do Rio Grande do Sul fazendo com que a população se sinta tranqüila em casa.

O Cel. Pedro Américo Leal falou muito bem da questão da hierarquia da caserna. É verdade. As instituições estão acima das pessoas, e hoje vejo dois comandantes da Brigada Militar que, de maneira honrosa e edificante, souberam levar a termo esta gloriosa Corporação.

Quando se fala em segurança, imediatamente, vem à tona na mente da população gaúcha a Brigada Militar. Isso é motivo de orgulho para nós, gaúchos, sabermos que no Estado do Rio Grande do Sul temos uma Corporação modelo para o Brasil e a Brigada, mesmo fazendo 161 anos, é uma instituição jovem e a cada ano que passa se moderniza, está ampliando, abrindo novos destacamentos, fazendo com que, cada vez mais, possa interagir com a nossa sociedade, ou seja, a Brigada Militar está cada vez mais saindo da caserna. Isso é importante, porque está fazendo com que essa interação povo/policial seja mais facilitada. A população sabe disso porque confia nos órgãos da Brigada Militar. É por isso, prezado Comandante, prezado Corpo Diretivo, Oficiais e demais membros da Brigada Militar, o Partido Socialista Brasileiro gostaria de parabenizar a todos, sendo motivo de orgulho para nós termos uma Corporação forte que, cada vez mais, dignifique a nossa cidadania. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos para fazer parte da Mesa o Sr. Rui da Cunha Castiglia, representando o Dr. Dagoberto Lima Godoy, pela FIERGS. Queremos cumprimentar pela presença o Presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar, Coronel Cairo Camargo.

Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann que falará pelo PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sempre é muito grato para um representante popular vir a esta tribuna falar sobre as instituições da sociedade, e a Brigada Militar é uma instituição da sociedade rio-grandense. Ela soube granjear essa confiabilidade, essa fraternidade ao longo da sua trajetória, nascida das refregas da Revolução Farroupilha em 1837 e até hoje a Brigada Militar tem sabido honrar as tradições do Rio Grande do Sul. Não é só uma força militar, vai muito mais além, porque, na sua tarefa de tratar da segurança da população, não se pode dizer que seja só através da força armada que se protege uma população.

A Brigada Militar, ao longo desses 161 anos, tem sabido adequar-se permanentemente aos tempos que a sociedade atravessa. Não é por nada que a Brigada Militar atua através do seu Corpo de Bombeiros, através da assistência à saúde, à educação. Nós não temos pleno conhecimento, mas sabe-se que existe um grupo de estudos avançados a respeito da radiografia do Rio Grande em termos sociológicos, antropológicos, históricos e econômicos, que é para munir a Corporação de elementos capazes de fazer com que ela consiga discernir as diversas etapas do desenvolvimento rio-grandense, colocada num ponto estratégico do território nacional, que é o enclave do Brasil com os nossos vizinhos do Prata, por isso a responsabilidade da Brigada Militar aumenta. Ela precisa estar atualizada permanentemente para tratar desses problemas em nível geral, por isso se diz que não é uma força apenas policial-militar, ela tem uma tarefa além e, segundo nos consta, está sabendo administrar com proficiência essa missão.

É muito agradável para um representante popular vir aqui transmitir os sentimentos do Município de Porto Alegre, a sede do Comando da Brigada para a Corporação, porque aqui se desenvolve esse trabalho, aqui é a sede de irradiação de todo esse processo de desenvolvimento e interação de uma instituição pública com a sociedade.

As mulheres que hoje a Brigada abriga no seu corpo também dão a sua contribuição a esse processo. Isso significa um avanço porque, afinal de contas, a sociedade humana é composta de homens e mulheres. E cada um precisa saber o que cada um pensa e como age. E essa resposta a Brigada Militar está dando à sociedade. É por isso que a sociedade rio-grandense confia na Brigada Militar.

Que esses 161 anos sejam apenas uma etapa desse processo, porque a sociedade humana ainda tem um longo percurso pela frente. E nós, especialmente aqui nesta parte do mundo e do Continente, temos uma tarefa a desempenhar. Contamos com a Brigada para modificar as coisas que precisam ser modificadas. Temos certeza de que ela saberá responder a essa indagação. Parabéns pelos 161 anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa.) Minhas Senhoras, meus Senhores, meus colegas Vereadores. Já foi, de alguma forma, dito aqui que a história da Brigada Militar acompanha e se confunde com a própria história do Rio Grande do Sul e da então Província de São Pedro, suas façanhas estão marcadas nos campos do Rio Grande do Sul. É a Brigada Militar uma instituição colocada, a todo o momento, à prova das situações mais delicadas e difíceis na contextualização, - diria até da vida da Cidade, do Estado - em situações políticas extremamente delicadas. E, digo políticas porque a todo momento, ela no exercício da sua missão constitucional, embora munida sempre de mandados, de ordens e de determinações, seja do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, seja de determinações judiciais, o mais difícil de tudo é o momento de dar cumprimento àquelas ordens e àquelas medidas, sejam de origem do Poder Executivo, seja em cumprimento de ordens e mandados judiciais.

Nós vivemos num momento difícil, num momento permanente de crise institucional em que a todo momento a Instituição que completa 161 anos de vida se confunde, como eu disse, com a própria história do Rio Grande, a todo o momento é chamada, é convocada na sua missão constitucional e surgem situações difíceis no cotidiano e a marca, quando é mais presente, em relação não ao seu cotidiano, que é esquecido no anonimato de gestos e atos de heroísmo no exercício da sua missão, mas o que se apresenta e o que aparece é sempre a situação aquela inusitada daquilo de negativo que aconteceu. Ganha as páginas dos jornais, ganha as manchetes, e todo um comando, toda uma trajetória é comprometida, muitas vezes, por fatos isolados que acontecem no exercício da atividade. Essa é a história dessa instituição.

É por isso que eu digo, representando o meu partido, o PDT, que nós temos consciência da dificuldade do exercício dessa missão maior, Sr. Comandante. Conheço a sua luta, a luta dos seus antecessores, e os difíceis momentos institucionais, como, por exemplo aquele no início da década, quando um soldado, no Centro de Porto Alegre, teve a sua vida ceifada em decorrência de um complexo conflito social e que envolve o conjunto da sociedade. Ou cada momento de cumprimento de uma ação de missão de posse, de uma medida reintegratória, quando nos campos, na Campanha, nas Missões, de posse de um mandado, o oficial tem de retirar aqueles excluídos sociais por uma ordem judicial, até tendo a consciência, a compreensão e a clareza de que ali existe um conflito social mais profundo e mais sério. Mas, com a habilidade dessa consciência da existência do conflito, o oficial, junto com seus soldados, com habilidade, com sabedoria, com consciência política, deve dar cumprimento àquele mandado naquele momento de missão ou de reintegração de posse. É a dificuldade do cotidiano.

Eu não menosprezo aquela ação no gabinete do Magistrado, quando concede a ordem entre quatro paredes. Também ali há um ato de decisão, difícil, há um ato de julgar. Mas, eu digo que há execução, que há ação, porque atinge o ser humano dentro desse quadro de conflitos sociais. E é nesse seio que nós acompanhamos a presença da Brigada Militar, se esforçando para se aperfeiçoar e para acompanhar a modernidade, para responder aos desafios de uso das tecnologias avançadas no combate à delinqüência, ao crime e a toda a espécie de delitos que acontecem no cotidiano de uma vida em sociedade. E eu sou testemunha, como Vereador de Porto Alegre e assim como meus Pares, Sr. Comandante, Sr. Presidente desta Casa, de um trabalho que há 12 anos, desde o meu exercício de Vereador, tem sido desenvolvido a chamada atividade de polícia comunitária, ou seja, a Brigada desenvolvendo ação de integração com a comunidade. E registro, aqui, que esse fato tem sido um esforço de autoridades constituídas.

Eu venho, neste momento, do Comando Militar do Sul, onde participei de um Seminário expondo a visão de um Vereador, para coronéis, que vão comandar guarnições no interior do Estado, da relação do Poder Legislativo com a estrutura de comando militar. Agora, a grande realidade é que essa aproximação é feita com as Forças Armadas que já tinha uma tradição e uma história mais profunda com a Brigada Militar pela proximidade do cotidiano.

Recordo-me, quando havia resistência da Brigada Militar, da inteligência da Brigada em relação à colocação de postos de policiamento militar junto às comunidades, aos bairros e às vilas e que, hoje, se tornou uma ação permanente da Brigada, estimulando a saída do soldado do quartel e a ida direcionada para os bairros, No bairro Bom Fim, por exemplo, iniciamos uma atividade pioneira com relação à colocação de um primeiro Posto Policial e hoje nós temos um pelotão de uma Companhia junto ao Hospital de Clínicas e outros espalhados em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Tudo isso é um trabalho de policiamento comunitário.

Há poucos dias participei de um lançamento, no 11º Batalhão, com relação a um trabalho de um Capitão, cujo tema era a polícia comunitária. E é isso que está crescendo, e é com essa visão que a Brigada Militar, a sociedade porto-alegrense e a sociedade rio-grandense vão, com essa nova concepção de integração, atravessar e chegar ao Terceiro Milênio, tendo uma Brigada mais estrutura e mais consciente de sua missão. E é neste ritmo e neste compasso que atravessaremos o Terceiro Milênio dessa muito mais do que centenária instituição do nosso Estado, da Província do Rio Grande de São Pedro. Saudações ao seu Comandante e a todo o conjunto da nossa instituição, a todos os integrantes dessa corporação e que podemos dizer: diferenciada, porque cada Polícia Militar do Estado tem a sua história, as suas peculiaridades e as suas raízes. E, orgulhosamente, nós podemos dizer, esta vive integrada com o conjunto da sociedade rio-grandense e é por isso que nós, tranqüilamente Sr. Comandante, podemos afirmar que na Brigada Militar nós confiamos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Comandante-Geral da Brigada Militar Cel. José Dilamar da Luz.

 

O SR. JOSÉ DILAMAR DA LUZ: (Saúda os componentes da Mesa.) Se o Ver. Pedro Américo Leal permitir, vou usar um gancho da sua fala, quando dizia que iria abrir a porteira de seu coração, eu me associo a essa mesma frase, talvez, por não trazer nada escrito, que também é um costume - e aí é o inverso do Coronel Ver. Pedro Américo Leal - , eu tenho o costume de chegar nas solenidades e dizer aquilo que sinto, naquele instante.

Digo aos Srs. Vereadores, que aqui já se pronunciaram, que são gratas essas homenagens que nós recebemos aqui nesta Casa, que é casa do povo de Porto Alegre, a qual muitas vezes compareci. E sinto a cada instante o reconhecimento a esta organização, feita por esses homens e essas mulheres.

Aproveito, também, para dizer o que sentimos como corporação sobre o que ouvimos e constatamos. Há um dito popular que a nossa instituição, na sua criação, foi feita para a guerra, para o combate.

Quando nos dirigimos a sua história, a sua criação vamos constatar que, na lei de sua criação, em 1837, Lei 07, art. 3º está escrito que a Brigada Militar, quando constituída, foi feita para a segurança, para a justiça e, excepcionalmente, para atividades que dizem respeito à segurança interna da época.

Então, já na sua criação em 1837, a Brigada Militar foi instituída para proteger a paz social e ordem pública.

Por outro lado, outras questões que nos fazem refletir é que a Brigada Militar, sempre elogiada pelos seus feitos, pela sua glória, por seus homens, está sempre alicerçada na hierarquia, na disciplina, naquilo que faz com que ela continue forte.

Aí nos chama a atenção o porquê a cada instante, segmentos da sociedade pensam, e querem, desmilitarizá-la, porque querem extingui-la se, na realidade, ela é tudo o que dizem e falam?

Muitas vezes nos questionamos e presenciamos a incoerência de alguns segmentos, quando no agradecimento, na homenagem dizem algo e, por outro lado, querem a sua extinção.

Pergunto-me que Brigada é esta? Que homens e mulheres delas fazem parte e o que fazem? A Brigada Militar alicerçada com suas raízes profundas na hierarquia, na disciplina e na lei. A cada instante, quando necessário, a cada época, presa nas suas raízes alça vôos para proteger o cidadão e a propriedade. Nessa visão de instituição, o que os seus homens e mulheres fazem? O que somos, o que fazemos, e como a sociedade enxerga? A cada momento, quando necessário, a Brigada Militar, através de seus integrantes, que são os relações públicas, professores, psicólogos, os sociólogos, os promotores, os juízes, aqueles que fazem cumprir a determinação judicial, somos tudo isso, mas tudo resumido na função de Policial Militar. Por tudo isso, temos um dever para com a sociedade e o cidadão nos prepararmos, a cada instante, para sermos profissionais para, quando solicitados, efetuarmos essas ações para o bem servir. Por isso, hoje, a Brigada Militar se integra, como sempre se integrou, doa-se, como sempre se doou, e está junto à sociedade e aos cidadãos, para efetuarmos isso que cada um quer.

Por outro lado, embora se diga que sempre a Brigada Militar esteja mal, nós dissemos o contrário. Primeiro pelo seu recurso humano, melhor patrimônio que nós temos, excelente patrimônio. Segundo, porque a cada época dotamos os nossos efetivos para suas missões, seja em viaturas, seja em equipamentos de proteção individual. Mas isso nós temos como dever, como obrigação maior de dotar aquele ser humano, aquele profissional, que entrou nessa corporação por amor, que se dedica e se doa a cada instante que, por obrigação e dever de Estado, nós temos que dar-lhes condições.

Não estou fazendo propaganda, pois nunca fiz, e não falo em grandes números, só falo em poucos, mas na última entrega de viaturas mais de setecentas viaturas. Equipamentos de proteção individual, quando estavam trinta e quatro PMs por colete à prova de bala; comunicações, só para atender Porto Alegre, para os bombeiros: dez viaturas ABT - auto-bomba-tanque -, uma viatura auto-escada mecânica. E mais: 23 ambulâncias no total,  só para Porto Alegre de 17. As outras para a Grande Porto Alegre e uma para Santa Maria.

Para que tudo isso? Para servir ao cidadão e à sociedade. Esse é o caminho. Muitas vezes - e eu falo sobre isso com muita tranqüilidade, pois sempre estive junto à tropa, o que é meu dever -, nas operações que efetuamos no interior do Estado, com chuva, com barro, para fazer cumprir uma determinação legal - a quantas invasões compareci! -, vi soldados atolados para retirar aquele que cometeu o delito. E fala-se que o soldado está atolado! Eu digo o contrário: por que ele está atolado? Para fazer o que e contra quem? Aí está o resultado: todas essas operações, com risco para o ser humano, que é quem está lá também - é essa a premissa maior: proteger o ser humano -, sem nenhum arranhão. Mas todas as determinações legais foram cumpridas. Quantas operações de combate ao crime organizado efetuamos, quantas operações foram efetuadas de busca e salvamento?

Aproveitando um gancho do Cel. Pedro Américo Leal: eu dizia, ontem, na formatura de onze mergulhadores, que cada mergulhador, que todo o brigadiano, ao efetuar um mergulho na vida, aproveitasse as correntes do profissionalismo, da dedicação, para trazer à tona a vida do cidadão.

Aproveito esta oportunidade para também prestar o meu agradecimento a esta Casa, que sempre prestigiou e colaborou com a corporação nesses quase três anos de Comando do qual estou-me despedindo. Ao me despedir, eu gostaria de transferir todas essas homenagens, verdadeiras, conscientes, mas todas direcionadas àqueles que nos antecederam e fizeram essa construção com a qual hoje convivemos, mas que, principalmente, pelos seus trabalhos, soldados, cabos, sargentos e oficiais, pela sua dedicação e sua doação fizeram essa imagem da Corporação. Ao seus trabalhos, às suas dedicações, às suas ausências de casa, eu agradeço a vocês. Para mim foi uma honra, um orgulho, e ao mesmo tempo, uma tranqüilidade estar nesse Comando representando esses homens, e essas mulheres que compõem a Corporação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Já tivemos a honra de ver o Cel. José Dilamar da Luz, em outras vezes, aqui na tribuna da Câmara Municipal, sempre que nos brindou, com as suas palavras, demonstrou todo conhecimento e todo o preparo que sempre teve para comandar a Brigada Militar. Queremos cumprimentá-lo por essa trajetória que o Senhor vem tendo frente a essa Instituição. O Senhor é realmente o representante desta qualificação que a Brigada Militar sofreu nos últimos tempos. O Senhor mostra aqui o quanto, hoje, a Brigada Militar está preparada para realizar o serviço que toda a população espera que ela possa realizar. Uma das coisas que elogiamos no Cel. José Dilamar da Luz, além desse conhecimento que ele demonstra quando ocupa a tribuna da Câmara - Cel. Pedro Américo Leal, que também é muito bom nisso -, é o seu poder de comunicação, ele sabe comunicar muito bem todas as informações, todas as verdades que ele quer transmitir da sua Corporação.

Tenho certeza absoluta que toda a sua Corporação se orgulha muito da sua trajetória à frente dessa gloriosa Brigada Militar. Também queremos registar que a Banda da Brigada Militar que já esteve no início fazendo com que nós pudéssemos acompanhar o Hino Nacional Brasileiro. Esta banda faz parte da Brigada Militar há cento e sessenta e um anos, ou seja, sempre existiu dentro da Corporação Brigada Militar e hoje está aqui e nós, sociedade, também prestamos a nossa homenagem à Banda da Brigada Militar juntamente com esta instituição e a banda vai se fazer ouvir agora sob a regência do subtenente Marco Aurélio.

 

(A Banda da Brigada Militar executa o Hino Rio-Grandense.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença de todos e declaramos encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h43min.)

 

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